Safi Faye é cineasta, etnógrafa e pioneira do cinema negro africano. Nasceu em 1943, filha de camponeses do grupo étnico Sérère da aldeia Fad’jal, Senegal. Sua trajetória conta com 12 documentários e 1 longa de ficção.
Seus filmes são um contraponto aos documentários etnográficos feitos por europeus que muitas vezes apresentam uma visão simplista e estereotipada da África. Sua obra trata dos efeitos do colonialismo francês no Senegal e da vida rural de seus conterrâneos. Lembrando que o país se tornou independente da França em abril de 1960.
Em 1966, ela conhece o cineasta etnógrafo francês Jean Rouch no festival das artes negras de Dakar. Em 1970, ele a convida para atuar no seu filme “Petit a Petit” (“Pouco a Pouco”).
Com Rouch, se familiariza com a linguagem do cinema verdade – um modo documental que utiliza câmeras compactas e trabalha com personagens reais que interpretam a si mesmos, num processo de fabulação, ficcionando fatos reais. Vai para Paris estudar antropologia em 1972. Também entra para a escola de cinema Louis-Lumière onde realiza seu primeira curta metragem, “La Passante”.
Em 1973 a Societé Nacionale de Cinema do Senegal é criada para desenvolver o cinema local. Com este incentivo realiza “Kaddu Beycat” (“Carta Camponesa”, 1974), uma carta-filme direcionada ao público acostumado a ver a África pelos olhares dos não-africanos. O projeto a tornou a primeira mulher negra a dirigir um longa na África Subsaariana.
Em 1979 retorna a Paris para um doutorado em etnologia, com Jean Rouch como orientador. Ao final realizou o filme “Fad’jal”, uma retrospectiva da formação de sua aldeia a partir da criação junto com as personagens.
Em 1996 lança o longa ficcional “Mossane”. A história é centrada nas mulheres do povo Sérère, uma sociedade matriarcal e matrilinear – quando a descendência é contada em linha materna.
Apesar de difícil de encontrar, a filmografia de Safi Faye deve ser vista, lembrada e estudada.
Texto de Ana Caroline Brito @poneyhandsup
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