ZÓZIMO BULBUL

Pai do cinema negro brasileiro

https://youtu.be/oSHM8FR_CoE

Nasceu no Rio de Janeiro em 21 de setembro de 1937 e faleceu aos 75 anos em 2013. Adotou o pseudônimo Zózimo Bulbul para reivindicar uma identidade coletiva, pública e política ao se conectar com a ancestralidade africana. Dedicou sua vida à luta antirracista.

Foi o primeiro ator e diretor negro que mostrava orgulho da sua negritude. Além de atuar e dirigir, foi roteirista e modelo. Eleito o homem mais bonito do Brasil de 1969 num concurso do Chacrinha, foi o primeiro homem negro a ser manequim de uma grife.

Sua carreira de ator teve início quando começou a frequentar o centro popular de cultura, organizado pela UNE. Lá, conheceu diretores do cinema novo também em início de carreira e que depois lhe chamariam para atuar em seus filmes.

Alguns de seus trabalhos mais importantes desse período são:

  • 1962 – Cinco Vezes Favela, Leon Hirzman
  • 1963 – Ganga Zumba, de Carlos Diegues
  • 1967 – Terra em Transe, de Glauber Rocha
  • 1969 – A Compadecida, de George Jonas

Em 1969, foi convidado pela TV Excelsior para interpretar o primeiro protagonista de uma novela brasileira. “Vidas em conflito” tratava do racismo a partir do relacionamento do seu personagem com o da atriz branca Leila Diniz.

O casal inter-racial causou espanto nos conservadores e novela foi encerrada às pressas. Curiosidade: essa foi a primeira vez que um negro beijou alguém na TV!

Em outra novela “A Cabana de Pai Tomás”, Zózimo foi convidado a interpretar o papel de um escravo. Mas desistiu do papel após saber que o protagonista Tomás seria interpretado por um homem branco pintado de preto. Se recusava a interpretar um personagem que seria preso num tronco e levaria chicotadas de um homem com maquiagem “black face”.

Em 1970 protagoniza o filme “Compasso de Espera” do diretor Antunes Filho que tem um cuidado muito grande em não reproduzir estereótipos. Os personagens negros são de classe média e possuem uma psicologia complexa. O filme levou 3 anos para ser liberado pela censura.

Em 1973, em pleno regime militar, produz sua obra mais conhecida, o curta “Alma no Olho”. Pensado para ser uma peça de arte cuja narrativa circular acontece em looping.

Com pouquíssimos recursos, Zózimo utiliza as sobras de negativo virgem do filme de Antunes, usa um fundo branco e seu corpo para contar a história do negro de forma surpreendente.

Após o seu retorno, atua e faz assistência de direção no filme “Deusa Negra” (1977) do diretor Ola Balogun, uma coprodução Brasil e Nigéria.  Nos anos 80 começa a produção do seu primeiro longa-metragem como diretor “Abolição”.

O documentário, lançado no ano do centenário da abolição da escravatura, tem um caráter bem didático e mostra como a Lei Áurea em nada mudou a condição de vida do povo negro no Brasil que, na visão do diretor, continua sendo escravo.

O filme participou de diversos festivais ao redor do mundo e ganhou diversos prêmios. Entre eles:

  • 1988 – Prêmio de melhor roteiro e fotografia – Abolição Festival Brasília
  • 1990 – Prêmio de melhor Documentário – Abolição – Festival Latino de Cinema – Nova York

Em 2007, aos 70 anos após uma viagem a Toulouse na França, decide criar o Centro Afrocarioca de Cinema. Sua ideia era possuir um espaço onde os seus filmes e de outros realizadores negros pudessem ser exibidos, já que os cinemas não lhes davam espaço. @centroafrocariocadecinema

O Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul nega as armadilhas da competitividade dos festivais tradicionais. O intuito promover um momento de troca de experiências, aprendizado e celebração, sem rivalidade ou egos inflados.

Hoje é um dos maiores eventos de cinema negro do mundo. Recebe cineastas da África e país está diáspora negra na América Latina.

Zózimo acreditava que o cinema é uma das maiores armas que o povo negro possui contra o colonialismo. É uma forma potente de contar e relembrar as nossas histórias a partir dos nossos pontos de vista, mantendo viva a memória ancestral.

Deixou como legado uma grande filmografia e muita inspiração a todos os cineastas negros.

A maior parte dos seus filmes está disponível online e deve ser assistida!

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Texto Ana Caroline Brito @poneyhandsup


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